quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

De facto...

Acção executiva
MÁRIO CRESPO

Independentemente da verdade, José Sócrates pode já não estar em condições de continuar a chefiar o Governo. O envolvimento de familiares seus num processo de despacho governamental delicado cria-lhe fragilidades que o vão acompanhar daqui para a frente. O ambiente de alegadas influências em decisões governamentais (supostas ou reais) para extorquir contrapartidas dá um carácter de favoritismo na prática governativa que, falso ou verdadeiro, lhe criam uma pressão política intolerável.Em política, ao nível a que José Sócrates chegou, pura e simplesmente não há presunções de inocência quando há indícios insofismáveis. Não há comunicados com desmentidos nem notas da Procuradoria a dizer que hoje está tudo bem mas amanhã não se sabe, que lhe valham. Será este julgamento popular de José Sócrates injusto? É. Mas é assim. A infelicidade é que no ponto da pirâmide executiva onde José Sócrates se encontra o que parece já é, mesmo antes de o ter sido. É uma vulnerabilidade que vem com o território.José Sócrates devia sujeitar-se ao julgamento popular que vem com o voto e aí saber se Portugal acredita na sua boa-fé e na ingenuidade do seu tio e primo, e se este conceito de "família" é compatível com a maneira como em Portugal se entende a função governativa. Está em jogo o bem-estar de uma população de dez milhões de pessoas e a necessidade de tomar medidas rigorosas e duras para enfrentar a crise. Está em jogo a respeitabilidade da imagem de um país que a esta hora está a ser retratado nos media estrangeiros na síntese dos que vêem a realidade de fora através dos desapaixonados despachos das agências noticiosas. Nessa óptica, o que aparece é o chefe do Governo de Portugal no centro de um furacão que envolve pagamentos avultados por favores oficiais num processo que entronca no estrangeiro com offshores de familiares metidos pelo meio. Justa ou injustamente a Standard and Poors vai adicionar este elemento à contabilidade do rating da República.No mundo da banca e da finança internacionais também não há presunção de inocência. Na zona da vida pública em que José Sócrates se encontra, com a necessidade de executivo claro firme e duro que a crise exige, com a ameaça de todo o Portugal se tornar numa gigantesca Qimonda, a verdade ou mentira de uma insinuação são valores subjectivos de menor importância.O momento não se compadece com as delongas da justiça à portuguesa. É preciso indagar se o povo aceita renovar a confiança em José Sócrates nestas envolventes ruidosas e cheias de incógnitas, ou se vamos continuar no "pântano" profetizado por António Guterres quando se demitiu, (curiosamente em data muito próxima do início de toda esta questão do Freeport). Alguém vai ter de tomar uma decisão executiva porque, face ao que já está escrito e dito, não chega clamar pela celeridade da justiça, que não existe, nem pedir o aval diário do até-aqui-tudo-bem-depois-se-verá da Procuradoria. José Sócrates, por si, ou Cavaco Silva, por ele, terão de tomar a única decisão possível, que é fazer o primeiro-ministro sujeitar-se ao juízo do voto antecipado que relegitimará, ou não, o seu Executivo. Por muito, muito menos, Jorge Sampaio sujeitou Santana Lopes a esse julgamento popular.

In JN online 27-01-09

5 comentários:

Anónimo disse...

Pelo Amor à Cidada da Covilhã que ele continue lá por são bento. Já pensaram bem o que era ter o José Sócrates de regresso à câmara da covilhã. poupem-nos desta desgraça!

Anónimo disse...

Por bem menos se demitiu Armando Vara, Miguel Cadilhe, Muteira Nabo, Jorge Coelho, Antonio Vitorino.
Não basta ser sério, que té sabemos que é,mas é necessário parecê-lo. E um Chefe de Governo envolvido em investigações desta gravidade só devia era demitir-se até serem esclarecidas todas as investigações. Temos porém a certezza que tudo isto não passa de uma camapanha difamatória, mas tratando-se de um Primeiro Ministro envolvido, só lhe resta dmitir-se.

Anónimo disse...

A Miss Telma continua a não saber onde anda e o PS Covilha anda atras, o caso sucedeu mais uma vez, quando na assembleia municipal a Menina Telma com o seu cabelo saido de uma cabeleireira espacial made in teixoso, começa a bla bla bla bla e no final da segunda pagina, alguem pergunta! que o tema q esta a falar ainda não esta ser discutido, pelo que a Menina sai do pulpito vermelhinha da silva e com o rabo entre as pernas! pois coincidencias.....andam mesmo à TOA estes srs do PS..pois

Cov(eiro) disse...

Este blog não é veículo de informação da estrutura nacional e/ou local do PS. Por isso escusam de enviar como comentários os emails que recebem do Largo do Rato. Os mesmos já estão disponíveis na Comunicação Social para quem os quiser ler.

Cov(eiro) disse...

Ó Hominis: vai-te catar... Se queres um blog nos moldes do que disseste tens bom remédio: cria um!!! Quanto às autorias: cada um (ou uma) pensa e diz o que quer...